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segunda-feira, 30 de maio de 2011

NÍVEL SILÁBICO-ALFABÉTICO

A criança silábica, a medida que vai verificando a insuficiência de sua hipótese de associar uma letra para cada sílaba oral, amplia o seu campo de fonetização.
        Em vez de fonetizar cada palavra, preocupando-se com as sílabas orais como unidades lingüísticas, ela inicia a fonetização de cada sílaba, percebendo normalmente que é constituída de mais de uma letra. A criança vislumbra assim o princípio alfabético da escrita e avança para o nível silábico-alfabético.
        Para a criança silábica é impossível ler o que as pessoas escrevem convencionalmente. A criança acha que sempre sobram letras na escrita convencional, ou seja, tem mais letras nas palavras do que os sons emitidos na fala.
        A criança silábica entras em conflito porque sabe que, nos livros e nas escritas de pessoas alfabetizadas, a grafia é correta, e que essas pessoas têm a autoridade de saber ler e escrever.
        É muito importante para a criança que avança para o nível silábico-alfabético conhecer a grafia adequada de algumas palavras através da autoridade do contexto cultural que a cerca - " a dos alfabetizados".
        O confronto entre grafias corretas de palavras e o tipo de escrita silábica (em vias de ser abandonada) produzida pela criança, é fonte de reflexão e ajuda na passagem para o nível silábico-alfabético, porque a criança percebe a necessidade de colocar mais letras do que as que põe no nível silábico.
        As crianças neste nível aumentam o número de letras em suas escritas de duas formas:
Þ    Ou voltam a escrever com muitas letras e com quaisquer letras abandonando a hipótese silábica;
Þ    Ou continuam escrevendo silabicamente, acrescentando no final da palavra que escrevem mais letras aleatoriamente, conservando em parte a hipótese do nível silábico, podendo haver conflito entre a escrita silábica e a quantidade mínima de letras.

        Tais comportamentos confundem muitos os professores/alfabetizadores, que precisam estar atentos para entender e analisar essas situações.
        Este tipo de solução, de aumentar o número de letras é que caracteriza o nível silábico-alfabético, apesar de ser uma solução que resolve apenas uma parte do problema.
        A criança escreve então, nas palavras, algumas sílabas só com uma letra e outras sílabas com duas letras. Mas ainda vai persistir o problema da decodificação, de como ler o que escreveu.
CARACTERÍSTICAS DA ESCRITA E DA LEITURA

Nível conceitual – silábico-alfabético

Þ    Conflito entre a hipótese silábica e a exi­gência de quantidade mínima de caracteres.
Þ    Dificuldades da criança em coordenar as hipóteses que foi elaborando no curso dessa evolução, assim como as informações que o meio ofereceu.
Þ    A criança descobre que a sílaba não pode ser considerada como unidade, mas que ela é composta de elementos menores - as letras. Enfrenta novos problemas:
Þ    no eixo quantitativo, percebe que uma letra apenas não pode ser considerada síla­ba porque existem sílabas com mais de uma letra. Assim, sem nenhum critério, vai aumen­tando o número de letras por sílabas.
Þ    no eixo quantitativo, a criança percebe que a identidade do som não garante a identidade das letras, nem a identidade das letras, a do som. Existem letras com a mes­ma grafia e vários sons. Descobre que exis­tem sons iguais com grafias diferentes e que, na maioria das vezes, não se fala o que se escreve e não se escreve o que se fala.
Þ    A criança enfrentará novos conflitos ao vivenciar os problemas ortográficos que se ini­ciam no nível silábico-alfabético e se estenderão por todo o processo acadêmico.

Þ    A criança procura acrescentar letras à escrita da fase anterior (silábica).
Þ    Grafa algumas sílabas completas e outras incompletas (com uma só letra por sílaba). Usa as hipóteses dos níveis silábico e silábico-alfabético ao mesmo tempo.

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